quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O ARTISTA

Foto de César
No Dia Nacional das Artes, uma pequena reflexão sobre ser arista


Acordei hoje com uma questão martelando na minha cabeça e resolvi compartilhar na minha página pessoal do Facebook. O texto foi: "As vezes fico confuso. E talvez os amigos possam me ajudar. Se eu sou ator, se esta é minha profissão, por que as pessoas reclamam quando eu estou ensaiando ou estudando? Então, ser ator é ficar disponível até às 6 da manhã para festinhas e cercadinhos vip's?"

Eu não sou o primeiro a levantar a bola. Em 2008, em uma entrevista para o Segundo Caderno do Jornal O Globo, a respeitada veterana Bibi Ferreira disse que hoje em dia as pessoas acham que ser ator é disputar entrada para os tais cercadinhos vip's.

Não pensei que o comentário postado na fábrica virtual de celebridades literárias instantâneas fosse repercutir tanto entre meus amigos. E obviamente nem todos entenderam a questão. É óbvio que a arte se alimenta das relações, dos encontros, das festas e que artista gosta mesmo é de uma boa bagunça, mas me pergunto se colocada numa balança o que pesa mais.

Horas depois do inicio da discussão alguém lembrou que hoje é o Dia Nacional das Artes e achei bastante adequado levantar a bola exatamente neste dia. Todo mundo acha que pode ser ator, atriz, artista, enfim. Digo isso como profissão, como classe, não como hobbie. Todos conhecemos colegas de trabalho que têm a arte como hobbie ou como forma de se alcançar um outro lugar: o do espetáculo. O ser reconhecido como alguém importante, famoso. E sabemos bem que na arte, o que fica não é a fama, mas o sucesso.

Estas elocubrações podem parecer bastante reacionárias, radicais, mas acredito em prioridades. Quem não sabe qual é a sua, se estrumbica, parafraseando o mestre das celebridades instantâneas.

Jean Cândido
jeancandido@hotmail.com

2 comentários:

  1. uau
    show de bola hein Jean
    abraço

    Rodrigo Gallo

    ResponderExcluir
  2. Amigo Jean

    Lendo suas reflexões sobre as lides do ator fiquei aqui pensando com minhas telas.
    A arte tem o seu brilho e por conta disso pode falsear aquilo que de fato professa.
    O prazer da arte está contido no seu ofício, mas é dele somente parte.
    O prazer como imagem poética também seduz a todos que o desejam.
    Quem busca o teatro, busca de alguma forma atender esse desejo, mesmo que com pequeneza.
    Quem busca as festas, os holofotes da noite e os delírios da arte, não necessariamente
    tem compromissos com o seu ofício. Sequer sabem dos seus sacrifícios.
    Quem não quer o ballet do Njinski? Mas quem quer seus calos e suas tormentas?
    O aplauso tem seus custos e cobra seu preço.
    Quem não o pago, seja pela ausência de dom ou por impossibilidade qualquer, apenas aparece seus quinze minutos da fórmula Andy.
    São as celebridades sem cérebros, hoje tão em voga.
    Exerça sua profissão com a plenitude de um sacerdócio, pois nós Brasileiros necessitamos disso. Já dizia o outro: A gente não quer só comida....
    Um abraço
    Mauro Maciel

    ResponderExcluir