sábado, 28 de fevereiro de 2009

O DIA DE CORA CORALINA



A sexta edição do Arte em Andamento foi em homenagem a Cora Coralina e tivemos a presença do Projeto Psiu, além do poeta Tarcísio que fez um belíssimo texto com trechos de poemas de Cora.

O curta-metragem da noite foi "Pedra do Sal" de Juliana Chagas e Renata Schiavini, documentário produzido sobre o Morro da Conceição e sua mitológica Pedra do Sal onde crianças brincam e onde nasceu o samba.

Depois do curta, muita poesia, música, performances e como sempre, o espaço aberto para quem quis se apresentar.

E no final da noite, como uma cavalaria artística, o Arte em Andamento recebeu de surpresa um grupo de músicos que foram adentrando o espaço e montando seus instrumentos. Foi um belíssimo show com músicas instrumentais de Jacob do Bandolim e outros.


Outra novidade do projeto é o Programa Arte em Andamento. O primeiro episódio já pode ser visto e o segundo está em produção.

Nesse primeiro episódio, além de mostrarmos os melhores momentos da quarta edição, também falamos um pouco sobre Glauber Rocha e o Tempo Glauber, espaço que abriga todo o acervo do cineasta.

Assista e opine!

Programa Arte em Andamento - Episódio 01







Cora Coralina



Cora Coralina (Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas) — 20-08-1889/10-04-1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.
Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa".

Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina. E

Em 1911 conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge. Vai para Jaboticabal (SP), onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência.

Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922.

Em 1928 muda-se para São Paulo (SP). Em 1934, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais".

Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora Cultura Goiana.

Em 1980, Carlos Drummond de Andrade, como era de seu feitio, após ler alguns escritos da autora, manda-lhe uma carta elogiando seu trabalho, a qual, ao ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.




Não sei... se a vida é curta...

Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

Mais informações e outros poemas de Cora, acesse o Jornal de Poesia

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O DIA DE HILDA HILST



A quinta edição do Arte em Andamento foi digno de Hilda Hilst. Muita música, muita poesia, performances teatrais maravilhosas numa noite repleta de pessoas atraídas pela arte.

O curta-metragem "Filhos do Vento", documentário de Clarissa Vargas sobre os ciganos no Brasil preparou o ambiente para que em seguida o cantor e compositor Vinícius Castro pudesse fazer seu show.



Além dele, a Cia Aquelas apresentou trechos da obra de Nelson Rodrigues, a cantora Fabiana Tolentino cantando também na companhia de Vinícius Castro trouxe delicadeza e poesia.



"Fausto" de Fernando Pessoa foi a escolha de Raphael Vianna para sua performance poético-teatral e Bruno Duarte também mostrou que poesia e teatro não se desgrudam.



O Projeto Psiu encabeçado por Pablo Henrique brilhou e também balançou a todos os presentes.



Entre poemas, música e teatro, tivemos o espaço aberto que acabou sendo preenchido pelo Duo 2x2 com Filipe e Marcelo com músicas instrumentais de alta qualidade e que fez o Arte em Andamento mais uma vez se tornar uma deliciosa noite.



Hilda Hilst




Paulistana de Jaú, nascida no dia 21 de abril de 1930 e falecida a 4 de fevereiro de 2004, Hilda Hilst é reconhecida, quase pela unanimidade da crítica brasileira, como uma das nossas principais autoras, sendo consideradas uma das mais importantes vozes da Língua Portuguesa do século XX. Segundo o crítico Anatol Rosenfeld, “Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional em todos os gêneros literários que se propôs - poesia, teatro e ficção”.


Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

(trecho do livro "Do Desejo")

Imagens

Veja outras fotos do Arte em Andamento - Edição 5

Arte em Andamento 5