sexta-feira, 29 de maio de 2009

O DIA DE ADALGISA NERY - Edição 13


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Segunda-feira, 01 de Junho, a partir de 20:30, é dia do Sarau Arte em Andamento.

Nesta edição teremos a participação musical do cantor Joni Lammas, lançando seu Cd "Sem Fronteiras". Além dele, a tradicional presença do Projeto Psyou sempre recebendo novos músicos que queiram chegar e se apresentar.

O curta-metragem da noite será "Fábrica de Esperança" de Jocemir. O curta conta a história do projeto social fundado em 1996 no bairro de Acari, RJ e completamente extinto com intrigas nunca provadas e a implosão do prédio onde funcionava.

Já o recital poético será em memória da poetisa Adalgisa Nery, falecida em junho de 1980.

Como de praxe, o espaço fica aberto e esperamos todos com alguma contribuição com poemas, textos, música. Vamos fazer juntos uma grande festa das artes!

Adalgisa Nery

Adalgisa nasceu menina pobre e teve uma infância triste. Era filha de um advogado do Rio de Janeiro e ficou órfã de mãe aos 8 anos de idade. Estudou como interna em um colégio de freiras e, naquela época, já era vista como "subversiva" por defender as "órfãs" (categoria comum nos colégios religiosos da época), consideradas subalternas e maltratadas. Por essa razão, acabou sendo expulsa da escola. Portanto, única educação formal que recebeu na vida foi a do curso primário, feito dos 9 aos 12 anos.

Aos 15 anos apaixonou-se por um vizinho, o pintor Ismael Nery, um dos precursores do Modernismo no Brasil, com quem casou aos 16 anos. O casamento durou 12 anos, até a morte do pintor em 1934. A partir do casamento, Adalgisa mergulhou em uma vida trepidante, que lhe proporcionou a entrada em um sofisticado circuito intelectual graças a freqüentes reuniões em sua casa, uma estada de dois anos na Europa com o marido, e a consequente aquisição de cultura. Mas a vida de Adalgisa foi também muito marcada pelo sofrimento e pela relação conflituosa, muitas vezes violenta, com o marido. O casal teve sete filhos, todos homens, mas somente o mais velho, Ivan, e o caçula, Emmanuel sobreviveram.

Em 1959 publicou o romance autobiográfico A Imaginária, que se tornou seu maior sucesso editorial. Adalgisa, usando como alter ego a personagem Berenice, descreveu como o fascínio que sentia pelo marido no início do casamento foi substituído por um verdadeiro sentimento de terror pela violência que ele podia assumir na vida cotidiana.

Viúva aos 29 anos, sem muitos recursos e com dois filhos para criar, Adalgisa foi trabalhar primeiro na Caixa Econômica, mas depois conseguiu arranjar um cargo no Conselho do Comércio Exterior do Itamaraty.

Em 1937 lançou um primeiro livro de poesia, intitulado Poemas. Em 1940 casou-se com o jornalista e advogado Lourival Fontes, que era o diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado por Getúlio Vargas, em 1939, para difundir a ideologia do Estado Novo.

Seguiu o marido em funções diplomáticas, em Nova York de 1943 a 1945 e como embaixador no México em 1945. No México desenvolveu amizade com os pintores Diego Rivera, José Orozco (ambos a retrataram), Frida Kahlo, David Siqueiros e Rufino Tamayo. Em 1952, viajou novamente àquele país, como embaixadora plenipotenciária, para representar o Brasil na posse do presidente Adolfo Ruiz Cortines.

O casamento com Lourival durou 13 anos e a separação ocorreu quando ele se apaixonou por outra mulher. Em razão do grande sofrimento, e apesar de seu valor literário ser reconhecido não só no Brasil como na França, Adalgisa resolveu destruir a própria fama e renegar sua obra. A partir daí, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal Última Hora e política. Foi eleita deputada três vezes, primeiro pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e depois, no tempo do bipartidarismo, pelo MDB. Em 1969 teve o mandato e seus direitos políticos cassados.

Pobre e desamparada, sem ter onde morar, após em vida ter doado tudo para os filhos, passou parte dos anos 1974-1975 em uma casa do comunicador Flávio Cavalcanti em Petrópolis, onde viveu como reclusa.

Contrariando seu propósito de nunca mais dedicar-se à literatura, escreveu e publicou ainda dois livros de poesia, dois de contos, um de artigos e um romance, Neblina. O romance foi dedicado a Flávio Cavalcanti, reconhecido como "dedo-duro", em gratidão pelo acolhimento que lhe dera. No conflito entre o que seria "politicamente correto" e a lealdade a um amigo, Adalgisa escolheu, sem hesitar, o caminho do afeto. Em razão disso, o livro foi ignorado pela crítica.

Em maio de 1976, sem ter doença alguma, ela foi internada pelos filhos uma casa de repouso de idosos, em Jacarepaguá. Um ano mais tarde, sofreu um acidente vascular cerebral e ficou afásica e hemiplégica. Três anos mais tarde, Adalgisa faleceu.

A espera
Adalgisa Nery

Amado... Por que tardas tanto?
As primeiras sombras se avizinham
E as estrelas iniciam a noite.
Vem...
Pois a esperança que se acolheu em meu coração
Vai deixá-lo como um ninho abandonado nos penhascos.

Vem... Amado...
desce a tua boca sobre a minha boca
Para a tua alma levar a minha alma
Pesada de sofrimento!
Vem...
Para que, beijando a minha boca
Eu receba a sensação de uma janela aberta.

Amado meu...
Por que tardas tanto?
Vem...
E serás como um ramo de rosas brancas
Pousando no túmulo da minha vida...
Vem amado meu.
Por que tardas tanto?

Adalgisa Nery por Cândido Portinari

segunda-feira, 25 de maio de 2009

TICO SANTA CRUZ E A CIDADE DA MUSICA

O artista Tico Santa Cruz mobilizou um protesto na frente da Cidade da Música e compartilha conosco seu manifesto.

15 horas em ponto estávamos em nosso protesto solitário na Cidade da Musica.

Logo de cara ao abrir a faixa eu e comparsa Khefhren fomos abordados por um segurança particular do Titanic de César e tivemos uma rápida discussão, pois segundo a “autoridade” local, não poderíamos usar o acostamento em frente a OBRA. Quando um guarda municipal bem mais educado foi chamado e chegou ao local o mal entendido foi resolvido e seguimos o nosso destino.
Conversamos com alguns auditores que estavam por lá para dar continuidade ao processo que o Prefeito Eleito Eduardo Paes moveu junto com MP para averiguar a ROUBALHEIRA da gestão anterior.
Não votei no Eduardo Paes, mas acho que ele está fazendo um bom trabalho.
De qualquer forma, hoje César foi notificado junto com sua Gang e teremos uma longa disputa judicial, dessas que brasileiro adora esquecer, até que se possível, recuperemos a GRANA que desceu pelo ralo.
Grana que poderia ter sido investida em outras questões bem mais importantes do que um complexo gigantesco largado a deriva no meio da Barra da Tijuca.

Alguns leitores confundiram a nossa ação com críticas ao investimento do dinheiro público em cultura. Jamais investir em cultura devidamente será algo negativo para uma cidade ou uma nação. A Cultura é a base de uma sociedade, é a identidade de um povo. Por nossa falta de CULTURA é que estamos estagnados neste papel de vítimas passivas do “Estado”.
Com o dinheiro de nossos impostos, poderíamos investir em todos os setores essenciais para a população e ainda sobraria. Acontece que com a CULTURA da roubalheira e da IMPUNIDADE enraizada na alma de grande parte dos políticos brasileiros ( lembremos que somos nós quem os colocamos lá) fica parecendo que o dinheiro investido num lugar faltará em outro.

Alguns motoristas passaram buzinando e acenando para o grupo e a imprensa que é peça fundamental na divulgação destes atos para que a sociedade tome ciência de que o sinal de ALERTA está ligado, infelizmente não apareceu. Mas nem isso tira a legitimidade do ato e a nossa idéia de que estamos fazendo o que nos cabe como cidadãos.

A atriz Priscila Fantin, minha companheira de Bloglog, assim como integrantes do Voluntários da Pátria, estiveram presentes e tiramos algumas fotos que estão publicadas a seguir.

Peço gentilmente aos demais companheiros de BLOGLOG que se puderem, façam uma copia desta imagem e coloquem em seus respectivos BLOGS para que possamos divulgar o MANIFESTO a todos os leitores. Sabemos que muitas vezes por conta do tempo ou mesmo pelos compromissos assumidos muitos de vocês gostariam de colaborar mas não conseguem. Sendo assim, a sua colaboração pode ser com a DIVULGAÇÃO destas imagens, para que a opinião pública entenda que nesse país as coisas só funcionam sob pressão.

É inadmissível que tenhamos que conviver com um monumento de 500 milhões de reais erguido num bairro de classe media alta dessa cidade, enquanto nas áreas carentes hospitais e escolas estão caindo aos pedaços.

Aos leitores do Clube, peço que entrem em todos os BLOGS do Bloglog e peçam aos colegas que colaborem com este MANIFESTO.

Da última vez que fizemos isso com o “Sinistro” Gilmar Mendes, tornou-se um movimento notório no Brasil inteiro. A Internet tem esse poder e nós não dependemos de grandes jornais ou TVs para repercutirmos a indignação de um parte da população.

Agradeço desde já a todos que venham a se envolver nessa luta.

Grande abraço

Tico Sta Cruz

terça-feira, 19 de maio de 2009

PROGRAMA ARTE EM ANDAMENTO Episódio 04 E FOTOS DA EDIÇAO XII

O Episódio 04 do Programa Arte em Andamento já está no ar.
Neste episódio falamos a respeito da arte como sonho e como propósito de vida.
Contamos com a participação de Marcelo Asth no quadro Ideias Escritas e os melhores momentos de algumas edições passadas do Sarau Arte em Andamento.

Assista, dê sua opinião e participe do nosso Projeto.



Esse e outros episódios do Programa Arte em Andamento podem ser vistos em nossa página do My Space.

A noite da XII Edição do Sarau Arte em Andamento foi muito animada. O tom regionalista foi preenchido com a leitura de Guimarães Rosa, a música do mineiro Joni Lammas e a poesia de Catulo da Paixão Cearense.

Veja as fotos da última edição
Arte em Andamento 12

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O DIA DE CATULO DA PAIXAO CEARENSE - XII Edição


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Seresteiros, poetas e cantores! A XII edição do Sarau Arte em Andamento vem homenagear o povo brasileiro através de Catulo da Paixão Cearense nesta segunda-feira, 18 de maio, a partir das 20:30.

E já que Guimarães Rosa já disse que "o sertão é dentro da gente" a Célula Artística do Beco das Flôres junto com Cristiano Mota fará a leitura dramatizada de "Doralda", adaptação de Dão-La-La-Lão do mestre.

Nessa noite teremos a exibição do curta-metragem Breve Passeio de Rafael Jardim, jovem cineasta de Salvador.

Breve Passeio de Rafael Jardim

A pedido da Nora grávida, Margarida foi deixada num asilo por seu Filho que prometeu buscá-la após o nascimento do bebê. Alguns anos se passam e Margarida continua no asilo, onde fez amigos e agora planeja um passeio para conhecer sua neta.
Para ver o trailer do curta, clique no vídeo abaixo:



Como de praxe, o espaço fica aberto e esperamos todos com alguma contribuição com poemas, textos, música. Vamos fazer juntos uma grande festa das artes!

Catulo da Paixão Cearense



Catullo da Paixão Cearense, nascido em São Luiz, em 8 de outubro de 1863, entrou definitivamente para os anais da música brasileira ao trazer o violão das rodas de seresteiros para os conservatórios de música em 1908.

O registro de Talento e Formosura - sua e de Edmundo Otávio Ferreira- feito pelo cantor Mário Pinheiro em 1906, constitui-se num dos itens mais raros da discografia nacional. Verdadeiro marco na afirmação de uma identidade regional na embrionária indústria cultural brasileira, a gravação deste acetato de 78 rpm se deu graças à instalação do primeiro selo de música no Brasil: a Casa Edison.

Filho do ourives Amâncio José da Paixão Cearense e Maria Celestina Braga, o menino Catullo correu pelas ruas e casarões da sua cidade com os irmãos Gil e Gerson até os dez anos, quando se mudou com os pais para a fazenda dos avós paternos, no sertão cearense.

No contato com a gente simples, bebendo desta sabedoria e se fartando deste imaginário matuto, o futuro violeiro soube coletar os mais puros motivos e recria-los, além de registrar as peculiaridades lingüísticas do caboclo da caatinga.

Suas modinhas, que a tantos agradaram no ocaso da monarquia e nas primeiras décadas da república, refletiam também o estado de espírito do boêmio, sempre a declamar apaixonado e muitas vezes desprezado pela sua amada.


Sua presença cultural é tão grande na história da música brasileira deste período, que o escritor Lima Barreto chegou a criar o personagem Ricardo Coração dos Outros, um violonista compositor de modinhas e que é um dos coadjuvantes do clássico pré-modernista "Triste Fim de Policarpo Quaresma".


O casamento de Catullo com o violão que o imortalizou, se deu aos 19 anos, quando largou os estudos para se dedicar ao instrumento tido como propício das "rodas de capadócio". Quem fosse de boa família jamais andaria com um desclassificado que ostentasse um pinho!


No dia 5 de julho de 1908, como já foi referido, Catullo revolucionou os padrões musico-culturais da época, quando a convite do Maestro Alberto Nepomuceno, fez um recital de violão no templo da música erudita de tradição européia: o sucesso foi geral e a platéia o aclamou. Até críticos desafetos lhe pediram desculpas.

Neste momento a modinha ganhou ares de civilidade, e suas riquezas melodico-harmônicas conquistaram, o gosto da classe dominante.


Catulo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946,a rua Francisca Meyer nº 78, casa 2. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação pública até 13 de maio, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula , no Largo do Catumbí, ao som de “Luar do Sertão”.

O Milagre de São João

E agora eu peço a sa dona,
que é muié civilizada,
que é muié de inducação,
pelo que não arrepare
na minha comparaçào

As caderas de Joaninha
tava sadia istufada,
como uma pedra encalhada
na beira de um riachão,
que as agua que vai passando,
vai, aos poucos arrendondando
inchando, que nem balão,
inté ficá tão redonda
como as anquinhas macia
de uma bonita nuvia,
que ainda fica assustada,
vendo um touro, um barbatão.

terça-feira, 12 de maio de 2009

CARTA-MANIFESTO PARA PRESIDENTE LULA

Nesta quarta-feira teremos a Noite do Manifesto no Club Antonieta onde assinaremos um manifesto a ser enviado para nosso presidente.

Leia abaixo o que assinaremos.

Veja informações sobre o evento de amanhã na Agenda Arte em Andamento.

Rio de Janeiro, 13 de maio de 2009

Presidente Lula,

Nós, gente da cultura, da educação, das ciências, das artes, do meio ambiente, da imprensa e das comunicações públicas no Brasil, brasileiros comuns que acompanham vossa política externa, unidos, seguros e muito respeitosamente, apresentamos a Vossa Excelência nossos cumprimentos e um pedido que não se esgota em sua singeleza – pelo que à primeira vista pode parecer – mas, que se engrandece ao singular feito a que se pretende que é a prevalência da educação e cultura no mundo, materializada pela UNESCO, nas mãos de um grande e vocacionado brasileiro que é o Engenheiro Marcio Barbosa, atual Diretor Geral Adjunto do órgão.

Vossa Excelência sabe como homem de raízes intimamente brasileiras, filho de uma terra árida em que se luta muito para se estudar, o quanto é importante políticas públicas para a educação e a cultura, até mesmo pelos progressos havidos no Governo de Vossa Excelência, inegáveis até por índices certificadores da própria UNESCO.
Razão maior dessa carta aberta a um “Presidente de Todos” como é Vossa Excelência, a indicação de Marcio Barbosa é o atestado e a certeza da continuidade do reconhecido trabalho desenvolvido pela atual gestão que tem à frente o diplomata japonês Koïchiro Matsuura, figura que com seu empenho e irresignado senso de prioridade, promoveu inúmeros avanços em diferentes partes do mundo e recuperou a credibilidade e universalidade da UNESCO.
As bandeiras da educação, da cultura, da comunicação, da liberdade, do diálogo, do meio ambiente, das energias renováveis e da quebra das barreiras do preconceito racial, Senhor Presidente, são, hoje após um árduo trabalho de anos e anos, as bandeiras desfraldadas da UNESCO.
E nisso tem muito da história de gente como Marcio Barbosa e tantos outros que lá estão. Entretanto, é chegada a hora do Brasil capitanear esse processo. Ser o timoneiro da condução dos rumos e dos nortes da educação e da cultura no mundo.
Por isso, artistas, educadores, estudantes, cientistas, agentes do patrimônio, da cultura, das comunicações e do meio ambiente em todas as esferas, brasileiros por nascimento, vocação e antes de tudo, fortes pela própria natureza. Gente do Brasil que Vossa Excelência tanto conhece, reapresentamos este pedido que é a síntese da vontade e dos anseios de todos esses entes, que têm a consciência de que a UNESCO é importante tão só por ser UNESCO, mas, que será ainda mais para todos os brasileiros se levada à frente por um de nós.
Senhor Presidente, o Engenheiro Marcio Barbosa, Diretor Geral Adjunto da UNESCO tem hoje o maior cargo do Brasil no sistema das Nações Unidas. Sabemos das reais chances e dos apoios que angariou nessa caminhada. É uma oportunidade única e que não se repetirá em breve tempo.
Num Governo forte como o de Vossa Excelência, de tantos brilhos, conquistas e prêmios, e, com Vosso inestimável aval, os brasileiros farão jus há mais esta grande vitória a ser escrita nos anais da história deste país, sob a égide de sua gestão, como não pode ser diferente.

Nosso pedido, mui respeitoso, é para que Vossa Excelência reverta por ordem expressa à orientação dada ao Itamaraty em apoiar o cidadão egípcio Farouk Hosni e que apóie, como sempre o fez e o faz, o Brasil.

Com esperanças, aguardamos!


domingo, 10 de maio de 2009

ITAMARATY CONTRA O BRASIL NA UNESCO

Unesco: Brasil apoia egípcio antissemita: Apesar de dois brasileiros pleitearem a vaga, um deles com muita chance, o Itamaraty apoia o polêmico egípcio Farouk Hosni para a Unesco. Conhecido por posições antissemitas, Hosni tem a oposição de parceiros importantes do Brasil, como EUA e Rússia.

Brasil apoia egípcio polêmico contra brasileiros

Pelo menos Marcio Barbosa teria grande chance de dirigir Unesco, mas Itamaraty faz opção que contraria vários países

BRASÍLIA. Mesmo com dois brasileiros no páreo, o Brasil apoiará oficialmente o egípcio Farouk Hosni para o cargo de diretorgeral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Foram preteridos o diretor-adjunto da Unesco, Marcio Barbosa — com grandes chances de ganhar a eleição, prevista para setembro —, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

A opção por Hosni foi confirmada ontem pelo Itamaraty, que, na avaliação de aliados do governo, estaria desagradando não apenas à comunidade científica nacional, mas a parceiros importantes, como EUA, Rússia, México, Argentina, França, Índia e China, que já teriam declarado apoio ao brasileiro Barbosa. Os EUA, recentemente, vetaram o nome do Hosni, devido a seu discurso antissemita. Os franceses, que antes haviam escolhido o egípcio, retiraram seu apoio.

- Sinto-me frustrado — afirmou Barbosa ao GLOBO, por telefone, de Paris.

Barbosa ajudou a levar EUA de volta à Unesco Ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Barbosa conta com mais de 20 votos. Segundo funcionários do governo e parlamentares que acompanham sua trajetória, um de seus méritos foi levar de volta à Unesco, junto com o atual diretor-geral do organismo, o japonês Koichiro Matsuura, os EUA, afastados desde meados da década de 80.

Barbosa e Cristovam foram avisados da decisão pelo próprio chanceler Celso Amorim, semana passada. Um dos argumentos, relatou o senador, foi que o Brasil vem procurando manter boas relações com países árabes. O apoio a Hosni seria fundamental nessa estratégia.

— Minha candidatura só teria chance se contasse com o apoio direto do presidente Lula e do ministro Amorim. Mas o Márcio (Barbosa) fez uma grande campanha no mundo inteiro — afirmou Cristovam.

Para o senador, a direção-geral da Unesco seria natural para o Brasil, graças a experiências como o Bolsa Família e a exploração de alternativas energéticas — caso do etanol. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), criticou: — Lamento o Itamaraty ter tomado essa decisão. Havia chances reais de o Brasil dirigir um órgão da importância da Unesco. O governo deveria apoiar um dos brasileiros.

Segundo fontes do governo, alguns fatores pesaram na decisão de apoiar Hosni, todos permeados pela necessidade de fortalecer relações com o mundo árabe. Entre eles, a maior participação do Brasil no processo de paz no Oriente Médio e o aval da região à candidatura do país a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Amorim nega interesse em comando de agência nuclear Os mais inconformados dizem que a posição do país tem como foco a possibilidade de se ter um brasileiro, com apoio árabe, na diretoria-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Entre os cogitados estaria o próprio Amorim. O Itamaraty informou, ontem à noite, que apoia a candidatura do sul-africano Abdul Samad Mint para a AIEA.

— Não tenho interesse nesse cargo e, se o presidente Lula assim o quiser, gostaria de ficar no governo até o fim do mandato — disse Celso Amorim.

Correntes do governo e do Congresso tentarão convencer Lula e o Itamaraty a pelo menos não apoiar Hosni. Segundo publicações internacionais, ele teria dito que queimaria os livros em hebraico que encontrasse, quando foi ministro da Cultura de seu país.

A decisão será levada a Paris até o dia 31 deste mês.

'País abdica da oportunidade'

BRASÍLIA. Até então um dos favoritos ao cargo de diretor-geral da Unesco, o brasileiro Marcio Barbosa, diretor-adjunto do organismo, afirmou estar frustrado com a decisão do Itamaraty de apoiar o egípcio Farouk Hosni. Sem revelar quais são, ele disse que alguns países já se ofereceram para apresentar sua candidatura. Mas Barbosa não trabalha com essa possibilidade, por preferir representar o Brasil.

O GLOBO: Como o senhor vê a posição do governo brasileiro?

MARCIO BARBOSA: O Brasil sempre teve uma presença muito importante na Unesco em mais de 60 anos de história do organismo, mas nunca estivemos tão perto de um brasileiro assumir a sua direção. O Brasil é visto como um país que poderia dar uma grande contribuição neste momento.

Qual a sua sensação, ao saber que esse apoio não foi para o senhor?

BARBOSA: É frustrante. O Brasil nunca dirigiu uma organização da ONU, e agora abdica dessa oportunidade. Estou frustrado com a decisão do Itamaraty.

Vários países são simpáticos à sua candidatura. Como eles estão reagindo?

BARBOSA: Tenho sido sondado por alguns países sobre a possibilidade de eu me candidatar em nome deles. Mas não trabalho com essa hipótese.O Brasil tem até o final deste mês para apresentar oficialmente sua posição.

Houve precipitação do país?

BARBOSA: O Brasil se precipitou.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SAIU NA MÍDIA!

Veja o que foi dito sobre o Arte em Andamento no site Ambrosia:

"O projeto Arte em Andamento é, portanto, algo diferente de qualquer coisa que você possa esperar, a sensação é que a cada momento algo inesperado vai aparecer, seja um poema, uma música ou performances."

Leia a matéria completa!