quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ANITA MALFATTI EM ANÁLISE

Exposição no CCBB Rio em homenagem aos 120 anos
da artista paulista
refaz o trajeto de sua obra


Ela foi considerada uma das grandes promessas das artes plásticas do Brasil, fez parte do movimento modernista, estudou com importantes aristas,foi rechaçada pelo conservador e incisivo Monteiro Lobato e apaixonada pelo enigmático Mário de Andrade. Uma vida repleta de "pedras no caminho", para parafrasear o também modernista Drummond de Andrade.

A grande pedra chama-se realmente Monteiro Lobato, o crítico. Nacionalista ferrenho considerava qualquer tipo de arte que tivesse influência estrangeira como algo a ser desconsiderado. Foi seguindo esta máxima que teceu uma venenosa crítica em 1917 à Anita que a fez sair da cena artística por dois anos.

O texto de Monteiro dizia: "
A outra espécie (de artista) é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento." (...) "se refletir um bocado verá que a lisonja mata e a sinceridade salva."

Hoje nos parece mais uma crítica a ser lida e jogada no lixo, mas à época havia real importância e consideração.

Telas vendidas na exposição foram devolvidas e outras tantas foram destruídas.


Participou ativamente do movimento que culminou na Semana de Arte Moderna e mais tarde este mesmo grupo viu sua obra se tornar conservadora. O bode expiatório foi novamente Monteiro Lobato.


As histórias que cercavam as rodas intelectuais da época também diziam respeito ao amor platônico por Mário de Andrade. Pinturas e cartas são as recordações que restaram dessa relação. O fato é que permaneceram amigos até o fim.


Toda esta cronologia está presente em 120 obras espalhadas em diversos salões do CCBB do Rio de Janeiro e que permanece até setembro.
Simplesmente imperdível para qualquer brasileiro.

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Nesta segunda, 23 de agosto, homenagearemos a escritora Thereza Christina Rocque da Motta com o Sarau "Para falar de Thereza, meu bem..." Faça conosco essa festa das artes!


Obras de Anita neste post:
A Estudante Russa (1915)
Meu Irmão Alexandre (1914)

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