segunda-feira, 18 de julho de 2011

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Os 300 leitores de poesia no Brasil 
se revoltam com Paulo Henriques Britto

No último sábado, o caderno Prosa e Verso do jornal O Globo trouxe em sua capa, matéria de Miguel Conde com o título "Não tem Tradução". O artigo tocou no fato de que a poeta britânica laureada em seu país Carol Ann Duffy foi pouco destacada pela imprensa e nunca foi traduzida no Brasil.

O artigo seria um bom mote para que se discutisse as dificuldades de tradução de poesia no Brasil, mas acabou mesmo foi gerando uma roleta russa que atingiu em cheio muita gente. Caminhando para um descompasso irresponsável, alguns entrevistados deram um verdadeiro show. Mas show de impáfia, prepotência e ignorância.

O poeta Paulo Henriques Brito, por exemplo, disse que no Brasil é realmente difícil encontrar tradução de poesia porque só há 300 leitores do gênero no país. Um editor ainda afirma que encomendar tal empreitada é um erro, já que comercialmente é inviável. Deveríamos perguntar à amiga Thereza Christina Rocque da Motta como ela mantém sua editora há dez anos.

O  jornalista Miguel Conde "esqueceu" de citar em sua matéria outra fala do mesmo poeta Paulo Henriques Brito que perguntado na mesa onde participou ao lado da realmente brilhante Duffy a respeito de saraus, respondeu que tais eventos não servem pra nada, a não ser para vender seus livros. 

Então, confrades, o que o referido poeta disse é que projetos como o Arte em Andamento, Corujão da Poesia, Ponte de Versos, Pólem, Ratos Di Versos, OPA, entre tantos outros menos conhecidos no Rio e de outros estados, são inúteis. 

Paulo Henriques Brito desconsiderou o fato que só Ferreira Gullar vendeu entre 2010/2011 quase 10 mil exemplares de seu último livro. Podem falar que é porque Gullar vende, mas gostaria de perguntar se o referido poeta, que só quer saber de vender seus livros, fez uma pesquisa estatística para chegar ao número de 300. Talvez ele esteja considerando o número de leitores que comprou sua obra. Apenas. 

Nós que realizamos tantos saraus e que vivemos praticamente em função da poesia e da arte como poesia, precisamos discutir o assunto com mais militância. É uma convocação. Fazer arte não é só trabalho, é missão. 

De nossa parte, aqui na Confraria de Arte Brasileira, convidamos o senhor Paulo Henriques Brito a frequentar nossos eventos e dos parceiros também para verificar in loco que só no Rio de Janeiro este número é bem maior. Mas pedimos o favor que não leve seus livros, corremos o risco de ter uma banquinha montada em nossas portas com o nome de Quitanda do Paulo. 

Por Jean Cândido Brasileiro

3 comentários:

  1. Resumiu, sabiamente, tudo nesta frase: "Fazer arte não é só trabalho, é missão."

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  2. É VERDADE!
    A poesia é uma forma de ver o mundo de outra forma e sem contar que ela traz vida ao coracao de muitas pessoas...
    eu amo poesia

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  3. Logo se vê que eu não faço parte, e jamais faria depois dessa oportunidade de ficar calado que ele perdeu, dos 300 leitores de poesia que compraram os seus livros.
    Mas fazer o que...Até os grandes poetas têm direito de ser ignorantes.

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