Carlos Pena Filho nascido em Recife em Julho de 1929 foi um poeta brasileiro, considerado um dos mais importantes poetas pernambucanos da segunda metade do século XX depois de João Cabral de Melo Neto.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Recife, em frente à qual hoje se encontra o busto do poeta. Teve sua carreira prematuramente encerrada em virtude de sua inesperada morte em 1960, quando ele ainda estava com 31 anos de idade.
Filho de pais portugueses, Carlos Souto Pena, comerciante, e Laurinda Souto Pena. Em 1937, com a separação dos pais, mudou-se para Portugal, com sua mãe e irmãos, Fernando e Mário, indo morar na casa dos avós paternos. Lá viveu dos oito aos doze anos de idade quando então retornou para o Brasil. O pai permaneceu no Recife, onde era proprietário de uma sorveteria. Fez seu curso primário enquanto esteve em Portugal e o curso secundário no Recife.
Carlos Pena Filho foi um poeta político, interessado em cada aspecto da vida de sua cidade e do seu Estado, tendo participado ativamente da política universitária, empenhando-se em campanhas eleitorais.
Obras
"O Tempo da Busca", 1952
"Memórias do Boi Serapião",
1956"A vertigem Lúcida", 1958
"Livro Geral", 1959
Humilde me convoco e visto audácia
E te procuro em mares de silêncio
Onde, precisa e límpida, resides.
Frágil, sempre me perco, pois retenho
Em minhas mãos desconcertados rumos
E vagos instrumentos de procura
Que, de longínquos, pouco me auxiliam.
Por ver que és claridade e superfície,
Desprendo-me do ouro do meu sangue
E da ferrugem simples dos meus ossos,
E te aguardo com loucos estandartes
Coloridos por festas e batalhas.
Aí, reúno a argúcia dos meus dedos
E a precisão astuta dos meus olhos
E fabrico estas rosas de alumínio
Que, por serem metal, negam-se flores
Mas, por não serem rosas, são mais belas
Por conta do artifício que as inventa.
Às vezes permaneces insolúvel
Além da chuva que reveste o tempo
E que alimenta o musgo das paredes
Onde, serena e lúcida, te inscreves.
Inútil procurar-te neste instante,
Pois muito mais que um peixe és arredia
Em cardumes escapas pelos dedos
Deixando apenas uma promessa leve
De que a manhã não tarda e que na vida
Vale mais o sabor de reconquista.
Então, te vejo como sempre foste,
Além de peixe e mais que saltimbanco,
Forma imprecisa que ninguém distingue
Mas que a tudo resiste e se apresenta
Tanto mais pura quanto mais esquiva.
De longe, olho teu sonho inusitado
E dividido em faces, mais te cerco
E se não te domino então contemplo
Teus pés de visgo, tua vogal de espuma,
Aérea estátua de silêncio e bruma.
O Sarau Arte em Andamento - Edição 26 em 30/11, homenageará o poeta Carlos Pena Filho. Participe conosco!
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